À MINHA MÃE
Quisera hoje ver-te, ó mãe querida,
contigo estar no meu torrão
e te contar da minha vida,
da dor que me aperta o coração.
Quisera alegrar teus olhos cansados,
curar da falta a grande ferida
que te faço e me fazes. Já quebrados
os meus sonhos, minh'alma está partida.
É tão longa a distância, mãe amada,
que me consola esta página azulada
onde me debruço a chorar o meu tormento.
Contudo, mãe, se são desfeitos os meus planos,
meu coração, mesmo entre tantos desenganos,
tanto te ama e há-de te amar cada momento.
A morte ao chegar, privou-me de ti,
do teu amor, do teu carinho,
mas peço a Deus a todo o momento
que lá no Céu te arranje um cantinho.
João Cortesão