Às vezes perdemos o rumo e sentimo-nos como um barco à deriva no mar, sem avistar um farol, algo que nos aponte o caminho.
Desesperamos, dia após dia, presos dentro da rotina e
questionamo-nos se nascemos para isso. Para fazer todos os dias as mesmas
coisas. Trabalho, casa, casa, trabalho.
Pelo meio, deixamos de falar com quem vive connosco, apenas
nos encontramos ao jantar. Os amigos, com sorte, uma vez por ano, nos
aniversários.
As conversas românticas de quando namorávamos vão-se,
diluídas pelo peso da responsabilidade dos filhos, das contas para pagar, do
nosso desejo de ter mais, de mudar de casa, de comprar um carro melhor, de
comprar novas mobílias, de subir no posto de trabalho, de chegarmos a chefe de
alguém, de nos sentirmos poderosos, de alcançar algum tipo de fama.
Até que um dia, paramos. E damos conta de que nada daquilo
nos trouxe felicidade. À medida que temos mais coisas materiais, sentimo-nos
mais vazios, mais ocos.
Onde estão as pessoas que vivem connosco? Quais são os
gostos delas, há quanto tempo não nos rimos com gosto? Há quanto tempo não
tiramos umas férias juntos?
E então, reencontramos o sentido da vida.
O sentido da vida não é ter mais, é ser mais. Ser mais
presente, ser mais nós e nós não somos as coisas que temos.
20.01.2023
(dia do meu 64 aniversário)
J.C.